Quando eu era pequeno eu não entendia algumas diferenças.

Diferenças nos adultos, diferenças entre as crianças.

Por que o pai dele tinha carro? E por que o pai do outro parecia ter um carro melhor do que aquele que tinha um carro também?

Por que algumas crianças tinham roupas, tênis, bicicletas e acessavam lugares que outras não podiam?

Por que algumas pessoas andavam nos shoppings cheios de sacola enquanto outros não tinham nenhuma?

Por que pessoas sentavam em restaurantes enquanto outras lotavam as praças de alimentação?

No meu período de férias escolares, alguns ficavam em casa enquanto outros viajavam?

O que o pai dele tinha que o meu não tinha?

Era algum super poder?

Mais adiante eu comecei a perceber que talvez eu jamais teria um carro, quiçá pensaria em deixar de morar na casa da minha mãe.

Comprar meu próprio imóvel? Era algo intangível, tão quanto se não mais um dia voar para a lua.

Quando eu já era advogado e pedi para um chefe me ensinar a fazer comercial eu escutei: Pagamos você para ser um técnico, sente na sua cadeira e produza.

Este foi o melhor conselho que eu podia receber, pedi demissão meses depois.

Eu tinha uma certeza: eu preciso aprender a vender, e aprender a vender não era sobre o quê, mas sim sobre o como.

No período que antecedeu minha passagem no mundo jurídico, ou seja, a escolha de um curso de faculdade, eu tinha certeza que fazer um curso, como direito ou administração, não era apenas um curso, mas sim que seria a minha profissão, que eu nunca mais poderia sair daquele pequeno mundo. Escolheu, está escolhido!

A escolha que parecia definitiva me angustiada. Não sabia a origem dessa angústia, hoje eu sei. Se meus pais optaram pela profissão professor, significava que a escolha de carreira limitaria meus ganhos, assim como aconteceu com eles. Ledo engano, mais um aprendizado.

Hoje eu faturei mais 60K.

Eu não faturei mais 60K em vista de um conhecimento específico, eu faturei mais 60K em vista da capacidade que eu desenvolvi em gerar negócios.

E hoje, adulto, ainda pergunto: O pai dele tem um carro, o pai do outro não e o pai daquele outro tem um carro que parece ser melhor. Por quê? Por causa de uma escolha ou não de carreira, faculdade e/ou emprego? Se eu consegui transporá certas barreiras e hoje gero negócios, todos os meses, significa que qualquer pessoa poderia, não?